quarta-feira, setembro 01, 2010

Impressões da II Conferência Latino Americana sobre Política de Drogas!

 

O processo de conscientização e produção de conhecimento é longo. Todos sonham com a mudança, mas poucos conseguem enxergar esse processo como uma construção. A I Conferência Brasileira sobre Política de Drogas foi passo nessa direção. A equipe do Hempadão fez um cobertura hardnews para o PsicoBlog! No decorrer dessa semana vamos ver mais desdobramentos do que rolou na Escola de Direito da UFRJ na última quinta e sexta.

Basicamente o evento funciona muito mais como uma forma de educação e intercâmbio para especialistas do que como medida de mudança política. Vale dizer isso porque muita gente acha que esse tipo de Conferência “acaba em pizza”, já que não se pode tanger facilmente a praticabilidade desses encontros. Porém, a título de ilustração, vamos deixar aqui alguns dos principais pronunciamentos da Conferência e então digam vocês, na roda, se os ventos já não são mais verdes.

Logo no início, o diretor da ONG Psicotrópicus além de tocar uma flauta indígena fez questão de deixar registrado que: “Uma investigação do Ministério da Justiça do Brasil revela que a maior parte das condenações por delitos de tráfico de drogas não afetam grupos criminais fortemente armados e sim os pequenos vendedores, sozinhos e desarmados. Isto abre a pergunta de quem é, afinal, o real destinatário da política de repressão bélica às drogas e sobre a real ‘clientela’ do sistema penal de drogas”.

Uma das autoras do estudo, Luciana Boiteux também foi convidada a falar no evento e – já no final – se entusiasmou dizendo alto: “Eu quero que me provem o contrário. Quero que me provem que cadeia adianta”.

O secretário nacional de Justiça do Brasil, Pedro Vieira Abramovay, falou sobre a necessidade de um debate “sem preconceitos” para que possamos mudar a forma de pensar das pessoas. “Uma lógica de saúde pública e de debate geral na sociedade é muito mais importante e eficiente do que a lógica da guerra”, disse ele mesmo sem defender a despenalização do uso da maconha no Brasil.

E o coronel Jorge da Silva, que durante 20 anos de carreira militar perseguiu maconheiros até que percebeu que estava errado. Hoje com 33 anos de corporação ele tem outro discurso: “Percebi que aquele modelo não adiantava nada, pelo contrário, só fazia aumentar os confrontos e as mortes – de bandidos, de policiais e de pessoas que não tinham nada com a história”.

O grande Ethan Nadelmann, maior militante contra a proibição nos EUA, ratifica tudo que já foi dito: “O únicos resultados gerados por essa guerra foram o fortalecimento de organizações criminosas, o aumento da corrupção no meio governamental e o crescimento de casos de violação dos diretos  humanos” e ainda lembra que “a melhor política de redução de danos é a regulamentação e tributação do comercio da cannabis. Torço muito para a aprovação da legalização na Califórnia, que será decidida por meio de plebiscito no próximo mês de novembro”.

Aqui no Brasil a ideia do plebiscito não é nada favorável, mesmo tendo sido defendida por uma presidenciável, a Marina da Silva. Muitos outros pontos importantes da conferência foram ressaltados pela mídia geral e acreditem, a proporção foi devastadora para o lado da legalização e fim da guerra. Endossam a lista os candidatos a deputado estudal pelo Rio de Janeiro, Carlos Minc e o federal por São Paulo, Paulo Teixeira. Ninguém mais ousa  sustentar o argumento de que vamos resolver o problema das drogas com mais violência. Sinto cheiro de mudanças… são 4e20.


Copiado&Colado:Hempadao

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